sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Lembranças da Patagônia


Bons tempos aqueles, caboclo novo com olhos famintos por muros grafitados, andava na companhia do meu Kenner 3 números a menos com o calcanhar no chão. Em meados de 87 estava eu sozinho caminhando pelos frios pampas gaúchos sem rumo quando decidir sair da pátria que me pariu pela primeira vez. E ali me encontrava cruzando a divisa entre o Brasil e o Uruguai, chegando a capital do Mercosul, Montevidéu, conheci uma jovem Argentina apaixonada por arte que estava no país para ver um solo artístico de um ator famoso local no Teatro Solís, e também para ver novas paisagens como o pôr-do-sol no alto do Cerro onde há um antigo forte espanhol. Ela era deslumbrante com seu estilo filha-do-Woodstock, trocamos várias idéias de como poderíamos aprender coisas novas sem a oportunidade de freqüentar uma escola. Após muita uma noite regada a muita erva-mate em um barzinho ate simpático, ela me convidou para conhecer as paisagens argentinas, sem exitar topei.
Lá estava eu e riponga argentina rumo ao extremo sul do continente, isso mesmo, extremo sul, acertou quem pensou em Antes Patagônicos. Ah a Patagônia, o lugar mais belo que eu vi na minha curta vida ate então, com seu frio místico e encantador fiquei sem palavras quando lá cheguei. Fui em vários lugares como o El Calafate que é uma cidade aos pés do Lago Argentino e é a porta de entrada para o mundo das geleiras, outro lugar que não posso deixar em branco é o Termas de Puyuhuapi com suas florestas frias e fontes térmicas onde pude enfim conhecer o tal “banho de água quente”. E foi no Estreito de Magalhães que separa a Patagônia da Terra do Fogo que a woodstockiana argentina me beijou, foi a primeira vez que eu fiz isso, fiquei completamente atordoado, não sabia como reagir, então apenas deixei ela me orientar. Ficamos só no beijo, além do que eu não estava preparado para nada mais forte, e ali ficamos juntos com uma energia indescritível que durou 4 dias ate o meu retorno para minha pátria.
Bons tempos aqueles!

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Se EMO é Punk, Xuxa é Death Metal


Caros amigos leitores, agradeço desde já a consideração que vocês têm em ler simples desabafos de um mísero mendigo que não tem aonde ser decomposto. Muito obrigado mesmo.
Bom, vamos ao assunto. Não sei se vocês já perceberam o quanto cresce o movimento urbano emo. Pseudônimo de emotional-core e seus adeptos se reproduzem em uma maneira sobrenatural e ainda são bruscamente notados no meio da civilização, com suas franjas alaranjadas, lápis em volta dos olhos, piercing por toda à parte do corpo, anéis e pulseira arrebitadas e uma camiseta do Simple Plan, Evanescence ou Blink 182. Agora eu vos pergunto? Aonde esses seres de atitude hermafrodita acharam tanta rebeldia escutando Green Day e seus sucessores de unhas pintadas para seguirem seus passos de se destacarem? Isso se ao menos sabem inglês para saber o que essas bandas dizem em suas músicas. Mas o pior é que esse movimento invadiu o nosso subdesenvolvido país com bandinhas com B5, CPM 22 e outras bandinhas que ligam uma guitarra com distorção e tocam uma música à 150bpm e se dizem que é rock. Meu amigo, o buraco é muito mais em baixo, pra começar no próprio rótulo: "emo é punk com letras emocionais", assim dizem os emos que protege sua geração. Emos, aprendam, Punk, o que menos importa é a distorção na guitarra e a levada fubá da bateria, punk ta na letra, rica em protestos e críticas, ou você ouviu o Joe Ramone cantando Yellow Submarine com guitarras furiosas? Ouçam o que eu digo geração 90, rock ta na energia da música, thrash metal se chama thrash metal porque suas músicas são pesadas e suja que ate lembram lixo, grunge se chama grunge porque ao escutar a palavra grunge a primeira coisa que vem a cabeça é antimodismo e os malditos emos se chamam emos porque ao ver um rapaz com a descrição do início da postagem choram ao ouvir Nx Zero porque tem letras mais românticas que Bruno & Marrone.
Como já dizia nosso dinossauro do rock e pedagogo musical Adriano Falabela, líder do quadro Enciclopédia do Rock no programa Alto Falante da TV Cultura: "O verdadeiro rock está no sub mundo da mídia!". Hoje é muito difícil encontrar uma banda que faz rock consciente que ta fazendo rock e que ainda por cima são conscientes que não estão falando merda. Veja o exemplo do disto na extinta Rage Against The Machine com seu vocalista Zack de la Rocha que espalhou mensagens de liberdade, de justiça e de denúncia. Criticando desde o Apartheid sul-africano e o militarismo em seu país, ao etnocídio dos nativos da América. O guitarrista Tom Morello como já bastava ser o melhor guitarrista que surgiu nos últimos 10 anos, nada mais é que formado em Sociologia em nada mais nada menos que em Havard. Outro fator (que eu particularmente considero mais importante) é a energia da música, quem nunca balançou a cabeça ao escutar o riff de Smoke on The Water ou Paranoid? E eu ainda vos pergunto, que vontade de sair pulando que nem um doido você sente ao escutar algo como Não sei viver sem ter você?!
Francamente, se Emo é Punk... Xuxa é Death Metal
Bye bye brothers and sisters!

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Movimento Aniquilação Biológica - Parte I


Não sei quanto a vocês, mas eu to com calor, muito calor mesmo. Recentemente fui obrigado a tomar um banho em um dos lagos do parque Ibirapuera, não sei quem estava mais imundo, eu, ou o lago. Enfim, logo ao sair daquele banho sub humano eu vi o porque daquele ar escaldante, era carro, ônibus, caminhões e motos para todos os cantos. Fiquei indignado quando vi uma pobre senhora ligeiramente gorda que tentava atravessar a avenida, uma verdadeira odisséia, carros passando tão perto da senhora que em várias vezes eu sentia ate uma angustia no coração caso eu assistisse àquela senhora voar completamente desengonçada em direção ao vidro do carro. Agora me digam, pra que isso tudo? Pra que tanto carro? Há 50 anos atrás vivíamos em harmonia usando a nossas próprias pernas que a natureza nos deu, bicicleta e veículos de tração animal, sem contar com a consciência limpa por não estar aumentando um buraco na camada de ozônio que e a única coisa que lhes protege da radiação solar, e também não precisar se tornar um dependente de uma multinacional especializada em extração de petróleo. Ah o petróleo, motivo de guerra, desordem, ambição e sede por dinheiro.
Mas quem sou eu? Que poder tem um pobre mendigo de origem desconhecida tem para falar, opinar e sugerir alguma coisa? Pois bem, eu vivo na mesma estratosfera que todos vocês, respiro o mesmo ar que vocês e ainda sofro com o calor hiper-tropical. Seria tão fácil e saudável se voltarmos a andar usando nossas próprias pernas, ou usá-las em forma de exercício aeróbico para chegarmos ao nosso respectivo destino. Seria mais saudável abominar os cancerígenos sanduíches de Fast-Food. Gente, eu assistir em uma vitrine do Wal Mark em Goiânia o documentário Super Size Me, fiquei completamente assustado com aquilo. Para quem não sabe o Super Size Me é um documentário onde um cara com um bigode horrível, mas de saúde perfeita se propõe a passar 30 dias se alimentando de produtos do McDonalds, o cara simplesmente deforma, e o documentário termina com o cardiologista do cara dizendo a ele que se ele não parar com essa aventura em busca do desconhecido ele iria acabar com as canelas esticadas dentro do paletó de madeira.
Não queria falar mal, mas é impossível. É tudo culpa dos malditos Anglo-Saxônicos por nos matar aos poucos com seus Fast-Food com batatas mutante de 5Kg, nos matam nos fazendo respirar seu monóxido de carbono que sai dos seus malditos utilitários esportivos queimando 7Km/L. Eles nem sequer tem a humildade e raciocínio de assinar o Protocolo de Kyoto.
E pra mim basta, fiquei furioso e não tenho mais a mínima condição psicológica e financeira de continuar com essa difusão de idéia.
Deus salve a América Latina!

sábado, 3 de fevereiro de 2007

Depressão, paixão, política e Coldplay

Mendigos também amam. Após assistir uma luta de boxe na vitrine de uma multinacional na Cidade do México em uma tentativa de explorar a América Latina como fez Hernesto "Che" Guevara de la Serna eu fiquei basbacado com uma linda mulher escandinava. Adrienly, loira, ombros largos, seios fartos, cintura fina e uma mão pesadíssima que derrubou sua adversária no 2º round com uma seqüência absurda constituída jab, jab, direto, cruzado, uper. Ao ver tamanha beleza eu fiquei imóvel, nada mais importava para mim naquele momento. Adrienly foi mais que uma vencedora de uma luta de boxe, ela vendeu a rigidez do meu coração amargurado e solitário.
Mais tarde estava eu sozinho com meu jornal e com apenas a lembrança daqueles braços fortes de uma escandinava loira, ao mesmo tempo em que eu contemplava aquelas imagens na minha memória eu viajava ao som de The Scientist do Coldplay que vinha em minha mente, uma música tão linda quão Adrenly.
Gosto do Coldplay não pelo fato de ser uma banda com músicas bonitinhas e depressivas, gosto porque eles fazem algo verdadeiramente sincero em suas músicas (falaremos disso mais tarde) e em suas atitudes, a favor da Make Trade Fair, uma campanha a favor da igualdade no comércio entre países de primeiro mundo e países em subdesenvolvimento, o Cris Marin (vocalista) desenha o símbolo da campanha em sua mãe esquerda todo show para ajudar na divulgação da campanha, que seria excelente se chegasse ate aos nossos países latino-americanos que vivem mergulhado em dívida externa e preconceito de todo o resto da biosfera. Coldplay também vem advogado pela Anistia Internacional que tem como propósito promover os direitos humanos.
Assim foi minha noite na Cidade do México, apaixonado, desmotivado ao som de Coldplay.

P.S.: Coldplay é uma banda rica e famosa que poderia gastar seu dinheiro, tempo e dedicação em coisas banais a fim de alimentar seus egos. Mas não minha gente, eles pensam em um propósito, um propósito de ajudar ao próximo. Assim faz Coldplay, assim como fez Guevara, Gandhi, Luther King, D'Arc... Ai eu vós pergunto, quem é você e o que você tem feito algo para ajudar o mundo?

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

13 de abril de algum momento do passado

Só sei que nada sei, assim disse Sócrates em seu ápice de explosão filosófica em Atenas na Grécia. Assim como esse âncora da filosofia eu vós digo que também sei que nada sei. Uma das poucas memórias que tenho de mamãe é ela sempre me presenteando com um chinelo nos meados de Abril, ano após ano, ate que o dia que eu me encontrei sem ela e desde então eu sigo meus passo dia após dia auto-comemorando minha sobrevivência, aprendendo com os outdoors , muros grafitados e vitrines com televisores (mas não assisto a Globo, mas tarde a gente conversa sobre isso).
Muito prazer, José Ninguém Silva e Silva, ao seu dispor.